quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A responsabilidade de cada um

Menino querido, bonito e sonhador. Até o dia, sem que ninguém percebesse o que estava acontecendo, ele se joga da janela de um edifício, não qualquer edifício, mas um que ele escolheu somente para isso. Diária do hotel paga e ao final desta, lá este ele, no chão, com seu corpo machucado e sem vida.

Era esperado o sentimento de tristeza depois do ocorrido, assim como a procura por um “culpado” pelo suicídio do menino querido. Ao velar o corpo, em qualquer rodinha poder-se-ia ouvir: a culpa foi da mãe ausente, do pai machista, daqueles que não o cuidaram bem. Posso estar sendo radical, mas acho que cada um é o único responsável por sua vida. Todos esperam ser amados e felizes e é triste quando alguém perde a capacidade de sentir amor, podendo chegar ao ponto de não mais querer viver. Porém, em qualquer situação, sempre teremos pelo menos duas opções. Por isso, entendo que talvez outras pessoas contribuam para o estado depressivo de alguém, mas se deixar abater e tirar a própria vida é responsabilidade apenas desta pessoa. Em situações como esta, quando apontamos os culpados, queremos na verdade fazer com que o outro sinta culpa e sofra, como se toda a culpa e sofrimento que cada um carrega dentro de si não fosse o suficiente. É como se, de alguma forma, pudéssemos penalizar aqueles que achamos que poderiam ter evitado a morte de alguém; é como se além de juiz, agíssemos como “carrasco” ao punir os “culpados”. Mas ao fazer isso tiramos a responsabilidade de cada um por sua vida.

Dizem ou pelo menos pensam que quem se mata não vai para o “céu”, pois para o suicidas há um lugar só deles (o inferno?). Posso estar errada, mas acho que o livre arbítrio é soberano e mesmo na hora da morte somos nós quem escolhemos se vamos ou não para a luz, para perto do Pai. As pessoas imaginam o Pai como alguém que pune, então se você tira sua vida, você será castigado. Mas não consigo ver o Pai assim. O Pai é amor, então como Ele faria isso com alguém que precisa tanto sentir amor? Se quando morremos recusamos o Pai, é responsabilidade nossa; não é Deus quem recusa, somos nós quem recusamos Ele. Posso estar errada novamente, mas acho que sempre teremos escolha, sempre! Já o Pai nunca precisou nos escolher porque nunca nos abandonou e espera o dia em que voltaremos para casa, isso eu tenho certeza.

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